Uma decisão da Justiça Federal pode contribuir para eficácia do plano de viabilidade econômica da General Motors do Brasil. Em 2003, a marca foi obrigada a contratar empresa não vinculada ao cartel dos cegonheiros – formado por transportadoras e sindicatos que ainda hoje controlam mais de 95% do mercado bilionário de transporte de veículos novos no Brasil. Em disputa em que deveria prevalecer a livre concorrência, a Júlio Simões apresentou o menor preço para escoar inicialmente 10% da produção da planta de Gravataí (RS) e 1% nas demais unidades. Mesmo com o frete mais baixo, foi necessária intervenção da Justiça para a transportadora, com sede em Mogi das Cruzes (SP), começar a prestar serviços à GM com um custo operacional 25,2% menor do que o cobrado por operadoras do cartel. Em 12 anos, os 450 mil veículos escoado pela Júlio Simões resultaram em economia de R$ 85 milhões. Se o critério fosse estendido para 100% da produção, em todas as fábricas, a montadora teria economizado R$ 300 milhões só em 2018.

A economia refere-se apenas ao ágio cobrado no frete de veículos. A cifra chegaria a mais de R$ 550 milhões se fossem considerados os números de 2017. No total, a marca pagou as empresas que controlam o setor R$ 1,2 bilhão no ano passado, ou mais de R$ 2,2 bilhões nos últimos dois anos.
A estimativa baseia-se em cálculo feito pelo site Livre Concorrência a partir de equação montada pelo Ministério Público Federal (MPF), autor de ação que resultou na condenação da GM por participação ativa no cartel dos cegonheiros. Nos autos o custo do frete representa 4% do valor do veículo. Sobre o total de unidades produzidas, conforme valor médio de cada modelo, é aplicado o percentual de 25% de sobrepreço no frete.
Ausência sentida
O jornalista Chico Pinheiro, em seu blog, registrou a ausência do prefeito de Gravataí e empresário cegonheiro, Marco Alba, na foto oficial do governador gaúcho, Eduardo Leite, com o presidente da GM Mercosul, Carlos Zarlenga. Ele escreveu:
“Se o prefeito de Gravataí e o ex-prefeito de Pelotas foram no mesmo dia e, pela mesma causa à reunião com a GM em São Paulo, não entendi por que, ao final do encontro somente o governador Eduardo Leite aparece na foto com Carlos Zarlenga presidente da GM Mercosul (foto veiculada pela pequena e grande mídia). Ou .então o Alba não foi e a mídia anunciou que iria, sei lá. Está uma confusão e um certo conflito de competências e todo mundo quer ser porta voz dos problemas da GM porque gera notícia.”
E acrescentou:
“Faltou altivez das assessorias, pois ficou parecendo um desdém com Marco Alba – logo ele, que defende a GM com unhas e dentes. A grande mídia chegou a anunciar que os dois iriam juntos a São Paulo tratar dos problemas de mercado da montadora, entabular saídas inteligentes, debater com sindicatos provável redução de salários, etc.”