
Os mais de 51 mil consumidores que decidiram adquirir automóveis das marcas Peugeot e Citroën ao longo do ano passado acabaram pagando R$ 35.764.442,00 a mais. Isso porque as montadoras que dividem a mesma planta de Porto Real, no Rio de Janeiro, utilizam principalmente empresas integrantes dos grupos Sada e Tegma, acusados de formação de cartel no setor de transporte de veículos novos em todo o país.
A falta de concorrência no setor acaba criando um sobrepreço de 25% no valor do frete, segundo constatação do Ministério Público Federal. Só em 2017, as transportadoras responsáveis pelo escoamento da produção abocanharam R$ 143.069.768,00 para transportar 51.068 veículos comercializados pelas marcas, de acordo com dados da Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave).
Duas tentativas frustradas de abrir o mercado
Peugeot e Citroën alinhavaram, por recomendação do MPF, a abertura do mercado de transporte de veículos em 2004. Contrataram um pool formado por três transportadoras (Gabardo, Transilva e Transtana) para escoar parte da produção. Mas o sistema lentamente foi revertido a favor do cartel, acabando com a alegria de algumas concessionárias, satisfeitas com a economia obtida.
Em fevereiro deste ano, uma nova tentativa das montadoras levou integrantes ligados ao Sindicato dos Cegonheiros de São Paulo (Sindicam, atual Sinaceg) e ao Sindicato dos Cegonheiros do Rio de Janeiro a deflagrar greve ilegal (de patrões). Mais uma vez, a Peugeot/Citroën recuou e manteve o alinhamento ao cartel, consolidando o prejuízo aos consumidores da marca.