
Os números relativos ao transporte de veículos novos no primeiro trimestre confirmam o controle exercido pelo cartel dos cegonheiros sobre o setor. Nos primeiros três meses do ano, as transportadoras vinculadas à organização criminosa que explora o mercado de caminhões-cegonha embolsou R$ 424,466 milhões. A cifra milionária refere-se apenas ao ágio cobrado das montadoras. O valor, repassado integralmente aos consumidores, é cinco vezes maior que o total faturado pelas operadoras independentes. Essas faturaram apenas R$ 81,6 milhões no período.

Mesmo oferecendo valores cerca de 25% menores que o cobrado por integrantes do cartel dos cegonheiros, as transportadoras não alinhadas aos sistema cartelista detêm apenas 6,5% do mercado interno, se levado em conta o número de veículos comercializados e emplacados no país. Caso seja considerado o total gasto pelas montadoras com o fretes, a participação das empresas independentes cai para menos de 5%.
Das 20 montadoras instaladas no país, 16 utilizam só o cartel. A Hyundai de São Paulo utiliza 30% dos serviços do cartel e 70% de empresa independente.
Apenas três servem-se de transportadoras não alinhadas ao cartel: (Caoa-Hyundai-Anápolis-GO, Caoa-Chery (SP) e Troller (CE). Além disso, há uma importadora grande, a Kia, que utiliza também operadora independente, depois de romper com o sistema anterior.
A supremacia do cartel deve-se à violência utilizada por sindicatos para manter a livre concorrência longe do setor. Essas entidades regionais, em sua maioria cooptada pelo Sinaceg, são consideradas os tentáculos do braço político das grandes transportadoras. São elas que organizam o bloqueio de fábricas enquanto alguns participantes organizam o ataque aos concorrentes.