
Montadoras pagaram às transportadoras que controlam o bilionário transporte de veículos novos mais de R$ 10,5 bilhões no ano passado. O ágio, decorrente da falta de concorrência imposta ao setor, é integralmente repassado aos consumidores.

De São Paulo
Em 19 de janeiro informamos aqui que o cartel dos cegonheiros embolsou com ágio cobrado das montadoras R$ 3,5 bilhões em 2022. Esse é apenas parte do prejuízo causado por essa organização criminosa – segundo a Polícia Federal, Gaeco e Cade. Na ocasião, a reportagem do site Livre Concorrência computou dados das dez marcas que mais venderam veículos para o mercado interno no período. O levantamento completo das 21 montadoras dominadas pelo conluio de poucas transportadoras que controlam mais de 90% do setor de transporte de veículos novos no país revela que as perdas superaram R$ 4,1 bilhões. Até o momento, nenhuma entidade de defesa do consumidor, manifestou-se sobre o assunto. Esse montante, repassado integralmente aos consumidores, decorre de condutas anticompetitivas que impedem o acesso de novos operadores no bilionário segmento, cujo resultado mais nefasto pode ser observado no sobrepreço de 40% no preço dos fretes, conforme conclusão da Polícia Federal no âmbito da Operação Pacto. Ágio cobrado é seis vezes maior que o faturamento total das transportadoras independentes.
Ao todo, o cartel recebeu das montadoras R$ 10,5 bilhões em 2022 para transportar 1,7 milhão de veículos. Vale a pena ressaltar que o total refere-se apenas ao que foi emplacado no Brasil, conforme dados divulgados pela Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave). O montante não inclui o que o cartel dos cegonheiros recebe com o transporte de veículos destinados à exportação nas chamadas operações de porto e por via terrestre a países vizinhos.
Montadoras | Unidades emplacadas | Valor pago pelos fretes (em R$) | Ágio (em R$) |
---|---|---|---|
Fiat | 430.202 | 1,8 bilhão | 758 milhões |
GM | 291.418 | 1,5 bilhão | 601,6 milhões |
VW | 271.238 | 1,3 bilhão | 539,1 milhões |
Toyota | 191.291 | 1,5 bilhão | 637,5 milhões |
Jeep | 137.552 | 1,1 bilhão | 463,3 milhões |
Renault | 126.735 | 550,8 milhões | 220,3 milhões |
Honda | 56.689 | 288,2 milhões | 115,2 milhões |
Hyundai (SP) | 55.321 | 189 milhões | – |
Nissan | 53.665 | 327,8 milhões | 131,1 milhões |
Peugeot | 41.767 | 216 milhões | 86,4 milhões |
Citröen | 32.121 | 151,7 milhões | 60,7 milhões |
Mitsubishi | 22.604 | 251,7 milhões | 100,6 milhões |
Ford | 20.824 | 219 milhões | 87,6 milhões |
BMW/Mini | 14.545 | 226,4 milhões | 90,5 milhões |
Mercedes Benz | 6.290 | 123,8 milhões | 49,5 milhões |
Audi | 5.485 | 88,3 milhões | 35,3 milhões |
Volvo | 5.270 | 87,2 milhões | 34,8 milhões |
RAM | 5.053 | 98,7 milhões | 39,4 milhões |
Land Rover | 3.650 | 112,6 milhões | 45 milhões |
Porsche | 3.223 | 125,5 milhões | 50,2 milhões |
Iveco | 2.846 | 30,4 milhões | 12,1 milhões |
Totais | 1.777.789 | R$ 10,5 bilhões | R$ 4,1 bilhões |
As estimativas do faturamento e ágio cobrados resultam de equação montada pelo Ministério Público Federal do Rio Grande do Sul, utilizada na Ação Civil Pública que condenou por formação de cartel quatro réus: General Motors do Brasil, Luiz Moan Yabiku Júnior (ex-diretor da montadora), Associação Nacional das Empresas Transportadoras de Veículos (ANTV) e Sindicato Nacional dos Cegonheiros (Sinaceg). Em vez de 25% de ágio, avaliado pelos procuradores na ocasião, a reportagem do site Livre Concorrência adota o índice definido pela Polícia Federal, em inquérito que reúne Cade e Gaeco de São Bernardo do Campo (SP) contra o esquema, com dados de 2019.
Para chegar aos totais, nossos repórteres levaram em consideração o valor do frete (4% do valor final do veículo), mais o ágio identificado nas investigações. Vale ressaltar que a Operação Pacto, deflagrada em 17 de outubro de 2019), resultou no indiciamento de 12 pessoas por crimes contra a ordem tributária e por formação de associação criminosa, dos quais nove foram denunciados à Justiça. Em setembro de 2022, a 1ª Vara Criminal da Comarca de São Bernardo do Campo (SP) aceitou a denúncia.
Os réus (lista abaixo) pertencem a três transportadoras e a um sindicato patronal com base no Espírito Santo.
– Alexandre Santos e Silva (Autoservice/Brazul – grupo Sada)
– Elizio Rodrigues da Silva (Tegma)
– Marcos Pironatto (Tegma)
– Sineas Rodrigues Lial (Tegma)
– Antônio Cezar Chaves de Almeida (Transcar)
– Pedro Júnior Souza (Transcar)
– Márcio Laurette Bruno (Transcar)
– Paulo César da Silva Brum (Transcar)
– Waldelio de Carvalho dos Santos (Sintraveic-ES)
Conforme representação do Ministério Público de São Paulo, apresentada em agosto de 2022, o réus cometeram os seguintes crimes:
1 – Fixação de preços, condições e vantagens, por meio de combinação de preço dos fretes cobrados pelas transportadoras
2 – Divisão de mercado entre concorrentes
3 – Troca de informações concorrencialmente sensíveis
POIS É AMIGOS. CONTRA OS FATOS ACIMA APONTADOS, NÃO EXISTEM DEFESAS!
CUMPRAM-SE AS NOSSAS LEIS CONSTITUCIONAIS E APLIQUEM ESSAS MULTAS DE FORMA FINITA!
EXTERMINEM ESSE CARTEL E PUNAM TODOS OS RÉUS DESSAS AÇÕES, IMEDIATAMENTE!
SALVEM A NOSSA NAÇÃO, DOA A QUEM DOER!
O PREFEITO DE BETIM, QUE LIDERA ESSA FACÇÃO CRIMINOSA, DEVERIA TER SIDO IMPEACHMADO, HÁ MUITO TEMPO TAMBÉM!
NA NOSSA POLÍTICA JAMAIS PODERIA EXISTIR CRIMINOSOS, NO PODER, ATUANDO CONTRA A NOSSA NAÇÃO, NÃO É MESMO!
DURA LEX SED LEX!