
Cerca de 44 caminhões-cegonha terceirizados agregados à Tegma Gestão Logística carregados de veículos da marca BMW estão parados nas proximidades da fábrica localizada em Araquari (SC). O motivo é pressionar contra a decisão da montadora de contratar outro operador logístico não alinhado ao chamado cartel dos cegonheiros.

De Santa Catarina
Dezenas de cegonheiros-empresários resolveram colocar em prática, mais uma vez, o modus operandi do cartel dos cegonheiros, investigado pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) de São Bernardo do Campo (SP) e Polícia Federal. Desta vez, o alvo é a fábrica da BMW do Brasil (foto de abertura), localizada no município de Araquari (SC). A montadora resolveu romper o contrato com a Tegma Gestão Logística – uma das transportadoras vasculhadas por agentes federais no âmbito da Operação Pacto. Por conta da decisão de a montadora mudar a operadora logística, represálias foram deflagradas para tentar reverter a derrota do cartel em concorrência globalizada aberta pela BMW. Caminhões-cegonha carregados com veículos zero-quilômetro estão parados nas imediações da fábrica desde o final da semana passada. Os manifestantes ameaçam não levar os automóveis da marca ao destino final das cargas.
A BMW contratou a Cevas – nova operadora logística – por determinação da matriz na Alemanha, em substituição à Tegma. Nos bastidores, há comentários dando conta de que a ordem de BID (cotação de preços na iniciativa privada) de alcance internacional teria partido após a denúncia contra a montadora de suspeita de participação em cartel no Brasil, feita por Afonso Rodrigues de Carvalho, ao ministério público da Alemanha em 2018.
Ao silte Livre Concorrência, a assessoria de imprensa da BMW Group Brasil informou:
“A empresa está tomando todas as medidas para normalizar a situação, que não afeta a segurança e o acesso dos colaboradores à planta”.
De acordo com a resposta, que confirma o rompimento do contrato com os atuais prestadores de serviços agregados à Tegma por extensão, “a situação é uma reação ao término do contrato com o fornecedor, previamente planejado e acordado. Por razões estratégicas e legais, a empresa não fará comentários adicionais”.
Confira a íntegra da manifestação enviada pela BMW |
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“O BMW Group Brasil está tomando todas as medidas para normalizar a situação, que não afeta a segurança e o acesso dos colaboradores à planta. A situação é uma reação ao término de contrato com o fornecedor, previamente planejado e acordado. Por razões estratégicas e legais, a empresa não fará comentários adicionais. |
A história se repete
Depois do que ocorreu na Volkswagen (2017) e mais recentemente na Jeep (2022), passando pela Ford em 2021, a história se repete no setor de transporte de veículos novos. Sem condições técnicas e financeiras para vencer licitamente disputas comerciais abertas por montadoras, empresários-cegonheiros, transportadoras e sindicatos vinculados ao cartel dos cegonheiros recorrem à paralisação e outros meios, inclusive violentos, para evitar a perda de cargas que controlam há décadas. Esse domínio do mercado, segundo investigadores da PF, Gaeco e Cade, impõe um sobrepreço (ágio) no valor cobrado a título de frente de “até 40%”. A organização criminosa que controla o setor, ainda de acordo com esses investigadores, caracteriza-se por aplicar ações violentas que impedem o exercício da livre concorrência no setor.
Volkswagen
Em 2017, o cartel dos cegonheiros bloqueou por mais de 15 dias a planta da Volkswagen em São Bernardo do Campo (SP) para impedir processo de concorrência aberto pela montadora para contratar novas transportadoras. À época, os advogados da montadora escreveram em petição encaminhada à 8ª Vara da Comarca de São Bernardo do Campo:
“No caso específico da Volkswagen, o expediente ora combatido tampouco é inédito. Já foi abusivamente utilizado, por exemplo, em julho de 2015, quando as rés Brazul, Tegma, Transauto e Transzero, com o auxílio dos cegonheiros, paralisaram os seus serviços de transporte de veículos como represália à tentativa da autora [VW] de contratação de uma única empresa para lhe prestar os mesmos serviços. Pressionada, viu-se a autora obrigada a abandonar tal plano.”
E destacaram o motivo do bloqueio:
“Inviabilizar processo seletivo para contratar novos prestadores de serviços com melhores condições técnicas e financeiras.”
Infelizmente, após a Justiça se manifestar a favor da retirada dos bloqueios, inclusive com o uso da força policial necessária, a montadora recuou e fez acordo com os réus.
Jeep
Em outubro de 2022, a pressão exercida por integrantes do cartel dos cegonheiros redundou em imediata suspensão do que parecia ser o início da abertura do bilionário mercado de transporte de veículos zero-quilômetro da marca. A contratação da Transportes Gabardo para escoar parte da produção da planta da Jeep em Goiana (PE) – por parte da mesma operadora de logística (Gefco, atual Cevas) que agora vai controlar o escoamento da produção da BMW – durou menos de 24 horas.
Transilva
Em maio de 2021, a Transilva Logística teve de recorrer ao aparato policial para garantir a segurança do início do transporte de veículos da marca Ford desembarcados no porto de Vitória (ES). Polícia Militar, Polícia Rodoviária Federal e até mesmo a Polícia Federal foram acionadas para garantir a segurança das operações. Em 2016, a transportadora capixaba teve dezenas de caminhões-cegonha incendiados quando assumiu o transporte dos veículos da marca Kia, como represália orquestrada pelo cartel dos cegonheiros. Ninguém foi responsabilizado. A Ford manteve apenas operações de porto com a Transilva, voltando atrás da intenção de contratar outra transportadora para levar os veículos até a rede de concessionários, mantendo empresas alinhadas ao cartel dos cegonheiros.
Caoa-Chery
Em 2018, o entorno da fábrica da Caoa-Chery, em Jacareí (SP), virou palco de atos de vandalismo e até tentaliva de homicídio, após a empresa Transportes Gabardo, com matriz no Rio Grande do Sul, vencer concorrência aberta pela montadora para escoar os veículos produzidos pela marca. Transportadoras ligadas ao cartel dos cegonheiros perderam a disputa. Apesar da pressão, a montadora não recuou. As retaliações não se limitaram à cidade paulista. Vários caminhões da operadora gaúcha foram incendiados em outros estados. Ninguém foi responsabilizado.
Corporação do atraso
As ações bem-sucedidas da organização criminosa que controla o transporte de veículos novos no país – apesar dos inúmeros procedimentos instaurados, incluindo ações penais, operação da Polícia Federal e Inquérito Administrativo em andamento no Cade – impedem a abertura do bilionário mercado para operadores que oferecem mais condições técnicas e menor preço. Antes da BMW, Jeep, Caoa-Chery e Volkswagen, as montadoras Fiat, GM, Ford, Nissan, Peugeot e Renault já foram vítimas da mão pesada das poucas transportadoras – grupos Sada e Tegma – que controlam o segmento, em parceria com sindicatos patronais. O objetivo desses ataques, deflagrados assim que uma montadora admite abrir concorrência para trocar os atuais prestadores de serviços, é sempre o mesmo: quem está dentro não sai e quem está fora não entra.
POIS É, MEUS CAROS AMIGOS QUE SEMPRE ACOMPANHAM ESSAS MATÉRIAS SEMPRE BRILHANTES.
O NOSSO BRASIL NÃO PODE FICAR REFÉM DE EMPRESAS ESTRANGEIRAS.
PRA ISSO QUE SERVE A LEI CONSTITUCIONAL DA LIVRE CONCORRÊNCIA!
AS TRANSPORTADORAS BRASILEIRAS DEVEM SER PRIORITÁRIAS, NESSES TRANSPORTES DE VEÍCULOS 0(ZERO) KM, AQUI PRODUZIDOS, NAS PLANTAS DOS ESTADOS DE NOSSO PAÍS E SEUS SINDICATOS DE CLASSE TÊM DE SER RESPEITADOS TAMBÉM.
ESSA FACÇÃO CRIMINOSA, DENOMINADA “CARTEL DOS CEGONHEIROS”, DEVERIA TER SIDO BANIDA DE NOSSO PAÍS, HÁ MUITO TEMPO, PRINCIPALMENTE AS TRANSPORTADORAS ESTRANGEIRAS, QUE SÓ PODERIAM ATUAR, APÓS TEREM SIDO ATENDIDAS AS TRANSPORTADORAS DE VEÍCULOS NACIONAIS.
PONTO FINAL PRA ELES!
TODOS OS RÉUS DESSAS AÇÕES, DEVEM SER IMEDIATAMENTE PUNIDOS, NA FORMA DAS LEIS!
SALVEM O NOSSO BRASIL!