
Grupo formado por cegonheiros-empresários ligados ao Sindicato Nacional dos Cegonheiros (Sinaceg), considerado pela Polícia Federal e Ministério Público Federal como o braço político da associação criminosa que controla o setor de transporte de veículos novos, enganou pelo menos seis vereadores de Jacareí e assessores de outros três. O fato aconteceu na última quinta-feira, quando os parlamentares acompanharam o protesto dos integrantes do cartel, em frente à fábrica da Caoa-Chery, instalada no interior de São Paulo.
Os cegonheiros-empresários apresentaram-se aos parlamentares locais como “cegonheiros autônomos que perderam o emprego”. Aproveitaram o desconhecimento do grupo de vereadores para esconder que participam ativamente do sistema cartelizante que detém 95,5% do mercado de transporte de veículos novos em todo o país.
Ao mesmo tempo, tentam mascarar a posição que defendem. Eles são contrários à livre concorrência, preceito assegurado pela Constituição Federal. Também não informaram os vereadores sobre o “modus operandi” da associação criminosa combatida pelo Estado em várias frentes.
Em Jacareí a livre concorrência foi respeitada
O grupo de cegonheiros-empresários não citou aos vereadores de Jacareí que a montadora Caoa-Chery promoveu um certame regular denominado BID (cotação de preços) e que a Transportes Gabardo, com sede no Rio Grande do Sul, consagrou-se vencedora.
O inquérito administrativo em andamento no Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) foi igualmente ocultado dos vereadores pelos cegonheiros-empresários. O órgão antitruste investiga prática de infrações à ordem econômica no setor de transporte de veículos novos. Não há qualquer cegonheiro autônomo atualmente no mercado prestando serviços terceirizados às operadoras de logística na indústria automobilística nacional. Todos, indistintamente, são empresários.
Indiciados em outros processos
Júlio César Pereira da Rosa, que segundo notícia veiculada no site da Câmara de Vereadores de Jacareí, apresentou-se como defensor de cegonheiros autônomos. Ele é empresário, sócio de Jeremias Pereira da Rosa, na empresa JJPR Transportes e Logística, cujo capital social informado é de R$ 220 mil. Já Tiago Gomes Jardim, mais conhecido como Tiago Serrano, está indiciado em ação penal que tramita no Tribunal de Justiça de Minas Gerais, por participação de atos de vandalismo contra cegonheiros-empresários e colegas de profissão.
Desde o início das operações com o novo transportador, dezenas de veículos da Caoa-Chery sofreram depredações. Fruto da ação de cegoheiros-empresários ligados à associação criminosa que controla o setor. Boletins de ocorrência estão sendo registrados. Uma denúncia chegou a ser formalizada no Gaeco do Vale do Paraíba. A foto de abertura mostra como os empresários cegonheiros ameaçam a vida e os veículos de profissionais e motoristas que utilizam as estradas próximas à fábrica da Caoa Chery. Eles usam miguelitos, empregados por bandidos que assaltam bancos, para depredar veículos da Caoa-Chery.