Condenados por formação de cartel recusam proposta do MPF para suspender processo

Em audiência na Justiça Federal, Aliberto Alves e Paulo Roberto Guedes, condenados por formação de cartel no setor de transporte de veículos novos em 2006, não aceitaram a proposta para suspensão do processo feita pelo Ministério Público Federal (MPF), autor da ação que os incriminou por crime contra a economia. Luiz Moan Yabiku Júnior, também condenado, teve a audiência remarcada para 29 de janeiro do próximo ano.

A procuradora Jaqueline Ana Buffon, respondendo interinamente pelo processo, não recuou em nenhuma das condições impostas aos criminosos. O juiz Adel Oliveira sugeriu a abertura de prazo de 10 dias para que a defesa dos condenados apresentem uma contraproposta que será analisada pelo MPF.

Condenados alegam não ter condições de pagar multas pelos crimes praticados 

A defesa dos dois condenados pretende buscar a prescrição dos crimes, mas o magistrado argumentou que somente poderá tomar alguma decisão nesse sentido após consultar o Tribunal Regional Federal da 4ª Região e o MPF.

Os advogados também argumentaram a condição socioeconômica adversa dos condenados para tentar escapar do pagamento de R$ 173.345,00, pedidos pelo MPF. A procuradora exigiu apresentação de documentos que comprovem as condições econômicas desfavoráveis dos condenados. Advogados ainda discordaram da necessidade de comparecimento bimestral à Justiça pelo período de quatro anos.

Durante a audiência, com a sugestão do magistrado, o andamento do processo ficou estagnado até 29 de janeiro de 2018, quando ocorrerá a audiência com o terceiro condenado: Luiz Moan. O tempo poderá servir para que as partes entrem em acordo, acredita o juiz Adel Oliveira.

Alegria no saguão
Após o encerramento da audiência, advogados dos dois condenados festejaram o resultado. Um deles, mais eufórico, chegou a disparar: “Ele (referindo-se ao juiz Adel Oliveira) está louquinho para dar a prescrição.”

Condenados possui pelo menos 40 caminhões-cegonha
A difícil missão que os advogados terão pela frente será a de comprovar baixo rendimento de Aliberto Alves para a redução da multa pecuniária imposta pelo MPF de R$ 173 mil. Isso porque, segundo algumas fontes consultadas pelo portal Livre Concorrência, Aliberto é proprietário de pelo menos 40 caminhões-cegonha.

Riso dos condenados
Um momento da audiência arrancou gargalhadas dos advogados de defesa dos condenados Aliberto Alves e Paulo Guedes. Foi quando o magistrado citou o valor da multa imposta a Luiz Moan: R$ 82.4456,00, contra R$ 173 dos outros dois condenados.

Formação de cartel
Aliberto Alves, ex-presidente do Sindicato dos Cegonheiros de são Paulo (Sindicam, agora Sinaceg), Paulo Roberto Guedes, ex-presidente da Associação Nacional das Empresas Transportadoras de Veículos (ANTV) e Luiz Moan Yabiku Júnior, na época diretor para assuntos institucionais da General Motors do Brasil, foram condenados por formação de cartel no setor de transporte de veículos novos.

A ação foi ajuizada em 2003, mas teve a sentença exarada pela juíza federal Eloy Bernst Just em 2006. De lá para cá, foram 35 recursos em instâncias superiores. Nenhum deles alterou a sentença condenatória. No ano passado, o MPF apresentou proposta para suspensão condicional do processo.

Enriquecimento ilícito
Em inquérito da Polícia Federal que investigou parte da organização criminosa que controla até hoje o setor de transporte de veículos novos, concluído no ano de 2005, a autoridade policial sugeriu à Receita Federal aprofundar as investigações sobre o patrimônio de Aliberto Alves. Naquele ano, a PF identificou indícios de enriquecimento ilícito, por meio da compra de imóveis que são colocados em nome de filhos e outros parentes, não compatível com seus rendimentos.

Como desdobramento, o MPF ajuizou nova ação penal contra 12 executivos de transportadoras e contra Aliberto Alves. O STF julgou a Justiça Federal incompetente para processar e julgar a ação. A denúncia foi encaminhada ao Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) de São Bernardo do Campo-SP, onde Aliberto Alves virou réu em ação penal que tramita na 5ª Vara Criminal da comarca de São Bernardo do Campo, acusado de formação de cartel e de quadrilha.

ANTV BID da Volkswagen Cade Cartel dos cegonheiros Combate aos cartéis Fiat Ford Formação de cartel Gaeco GM Incêndios criminosos Jeep Justiça Federal Luiz Moan MPF Operação Pacto Polícia Federal Prejuízo causado pelo cartel Sada Sinaceg Sindicam Sintraveic-PE Sintravers STJ Tegma Tentativa de censura Transporte de veículos Transporte de veículos2 Transporte de veículos novos TRF-4 Vittorio Medioli Volkswagen