Conspiração entre Sindicam e Sintravers expõe ação do cartel

O braço político do cartel que controla o transporte de veículos novos no País e o Sindicato dos Cegonheiros do Rio Grande do Sul (Sintravers) planejaram retirar da Júlio Simões Logística (JSL) as cargas produzidas pela planta da General Motors do Brasil instalada em Gravataí, no Rio Grande do Sul.  Para tanto, recorreram a um antigo desafeto do cartel: o empresário Sérgio Gabardo. Apesar da insistência dos conspiradores, as negociações não evoluíram. A Empresa de Mogi das Cruzes (SP) é responsável pelo transporte de 15% da produção da GM em solo gaúcho.

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Esquema foi denunciado pelo presidente do Sintrave-GO, Afonso Rodrigues de Carvalho.

Os detalhes da trama foram revelados pelo presidente do Sindicato dos Cegonheiros de Goiás (Sintrave-GO), Afonso Rodrigues de Carvalho, o Magayver. O líder sindical decidiu denunciar a armação depois de tomar conhecimento da campanha deflagrada por integrantes do cartel contra a imagem de empresas que não estão alinhadas à organização criminosa que controla o transporte de veículos novos no País.

Presidente e diretor do Sintravers tentaram afastar a JSL
No final de 2016, o recém-eleito presidente do Sintravers, Jefferson de Souza Casagrande (Bolinha), e o diretor administrativo da entidade, Luciano Jardim Clemes (Pernalonga), reuniram-se diversas vezes com o proprietário da Transportes Gabardo. Bolinha e Pernalonga ofereceram à operadora logística gaúcha as cargas da GM pertencentes à JSL. O proprietário de outra transportadora afirmou que também já foi vítima desse tipo de exclusão.

Magayver afirmou que a veracidade das informações repassadas por ele pode ser conferida nas imagens do circuito interno de televisão instalado na Gabardo:

“Na empresa estão todas as gravações das visitas deles, incluindo as datas. Basta as autoridades competentes solicitarem, caso queiram comprovar. Tudo está lá.”

Dirigente do Sindicam participou da trama
De acordo com o líder sindical, eles também agendaram um encontro entre o dono da Gabardo e o diretor executivo do Sindicato dos Cegonheiros de São Paulo, agora Sinaceg, Gilmar Donizete, o Mexicano, que participou de reunião na sede da transportadora gaúcha. A entidade paulista, que se autodenomina nacional, é considerada o braço político da organização criminosa que domina o setor, conforme relatórios da Polícia Federal e do Grupo de Atuação Especial de Combate às Organizações Criminosas e Investigações Criminais (Gaeco).

Cartel não perdoa
O cartel nunca perdoou a JSL por ter vencido, em 2005, concorrência aberta pela GM para escoar parte da produção de veículos fabricados no RS e nas outras plantas. A JSL apresentou o menor preço e conquistou as cargas, gerando economia de R$ 85 milhões à montadora. Mas a contratação não se deu por livre vontade da GM e sim por determinação expressa da Justiça Federal do Rio Grande do Sul na ação civil pública movida pelo Ministério Público Federal.

Rede de boatos
Na onda recente de notícias divulgadas para denegrir a imagem das empresas que não participam do esquema de alinhamento de preço dos fretes nem das frequentes tentativas de violar a livre concorrência no setor, o presidente do Sintravers compartilhou links de matérias jornalísticas contendo informações desfavoráveis a Fernando Simões, executivo da JSL. Questionado sobre a divulgação dessas informações, ele respondeu:

“O que tem uma coisa a ver com a outra? Não entendi. Não fui eu que neguei o habeas corpus para o Fernando Simões. Foi o Supremo.”

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Antes de se associar ao cartel, Bolinha lutou contra o monopólio do setor

Apesar das evidências de subordinação do Sintravers ao Sinaceg (ex-Sindicam), Bolinha rejeita a constatação de que o sindicato gaúcho foi cooptado pela entidade paulista. Para ele, existe apenas uma associação visando o apoio logístico aos cegonheiros. Na foto acima, os caminhões ostentando faixas contrárias ao cartel. O primeiro pertencia a Bolinha, antes do atual presidente do Sintravers se associar ao esquema denunciado pelo Ministério Público Federal e condenado pela Justiça por crime contra a economia popular. Na primeira gestão de Bolinha, o Sintravers denunciou a existência do cartel, fato que originou a ACP e uma ação penal onde foram condenados Luiz Moan Yabiku Júnior (FM), Aliberto Alves (Sindicam) e Paulo Roberto Guedes (ANTV).

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