
Fora do grupo das cinco maiores montadoras instaladas no país, a Toyota e a Honda lideram o ranking dos prejuízos decorrentes do ágio nos fretes ao longo do primeiro semestre de 2018. O motivo é a conivência da indústria com a associação criminosa que controla o setor de transporte de veículos novos.
As duas montadoras são responsáveis por transferir aos compradores o ágio de R$ 139,4 milhões exigido pelo cartel do cegonheiros para escoar a produção dos veículos japoneses produzidos em território nacional. Os valores foram identificados por meio de equação desenvolvida pelo Ministério Público Federal. O sobrepreço de 25% a mais no valor do frete deve-se à ausência de concorrência no setor. Toyota e Honda ocupam a 7ª e 8ª posições entre as montadoras que mais vendem no Brasil. Ambas detêm 8,04% e 5,74%, respectivamente, do mercado nacional.
Indústria e consumidor perdem com o cartel dos cegonheiros
Os mais de 90 mil compradores de veículos da marca Toyota acabaram pagando R$ 82 milhões a mais pelo transporte dos veículos da marca, embutido no preço final do produto, sem que o consumidor tome conhecimento. É o chamado frete CIF. O valor equivale a um prejuízo mensal de R$ 13,6 milhões. O montante é igual à venda de mais 340 carros populares, com valor médio de R$ 40 mil, a cada 30 dias, ou 2.050 veículos do mesmo valor nos seis primeiros meses do ano. Resultado: indústria e consumidores perdem com o cartel dos cegonheiros.
No caso dos compradores de modelos produzidos pela Honda, usando-se a mesma metodologia do MPF, o prejuízo está na ordem R$ 57,3 milhões, o que equivale a R$ 9,5 milhões a cada 30 dias. Os valores representam a venda de 239 veículos ao custo de R$ 40 mil a cada mês, ou 1.434 carros de janeiro a junho deste ano. É isso que o cartel cobra a mais das montadoras. O excedente acaba pesando no bolso do consumidor.
Outras montadoras instaladas no solo brasileiro engordam os prejuízos impostos aos consumidores por adotarem o mesmo sistema cartelizante na distribuição dos seus veículos. Entre elas estão a Peugeot/Citroen, Audi, Nissan, BMW, Mitsubishi e Mercedes-Benz. Em conjunto, as transportadoras que atendem às marcas abocanharam, a título de frete superfaturado, R$ 947,7 milhões, causando prejuízo aos consumidores de R$ 236,9 milhões.