
Em 2008, o grupo Sada controlava 53,6% do mercado de transporte de veículos novos no País. De 2010 para cá, com a inauguração de oito novas montadoras que apoiam e/ou se subordinam ao cartel dos cegonheiros, houve um acréscimo de 30,59% na participação da transportadora mineira. Os dados do crescimento foram revelados pelo próprio CEO da Sada, Vittorio Medioli, conforme noticiou a imprensa pernambucana nas matérias sobre inauguração de uma sede da transportadora mineira em Goiana. A única montadora que não se dobrou à máfia que domina o setor foi a Hyundai.
As Investigações da Polícia Federal, as ações movidas pelo Ministério Público Federal e pelo Grupo de Atuação Especial de Apoio ao Crime Organizado (Gaeco), além de sentenças condenatórias da Justiça Federal nas áreas cível e criminal, não chegam a intimidar as manobras engendradas em conluio pelos grupos Sada e Tegma, com o apoio incondicional do braço político da organização criminosa (segundo a PF), o Sindicato dos Cegonheiros de São Paulo, o Sindicam.
Prova disso aconteceu na semana passada na cidade de Goiana, em Pernambuco. A imprensa daquele Estado divulgou um dado estarrecedor que passou despercebido por quem só pensava em acarinhar Vittorio Medioli, um condenado por crime contra o sistema financeiro e réu em ação penal, acusado de formação de cartel e de quadrilha.
Um pequeno número, num dos últimos parágrafos das matérias que colocaram no topo da mídia o prefeito de Betim (bem distante dos seus munícipes) e CEO da Sada Transportes e Armazenagens, chamou a atenção: o grupo Sada detém agora 70% do mercado de transporte de veículos novos em todo o pais. O percentual mostra que a empresa, integrante da ANTV, entidade extinta pela Justiça Federal do Rio Grande do Sul por formação de cartel, teve um salto gigantesco em sua participação no mercado que até 2008 estava em 53,6%.
Participação do cartel nas montadoras que se instalaram no País a partir de 2010

De acordo com levantamento feito pelo site Livre Concorrência, de 2010 até hoje, oitonovas montadoras se instalaram no país (tabela acima). Sete delas entregaram o transporte da produção aos grupos Sada e Tegma ou a seus subordinados. A exceção ficou por conta da Hyundai de Piracicaba, que resolveu abrir o escoamento da sua produção, deixando um percentual de 30% para o cartel.
Falsa concorrência
Sada e Tegma afirmam no Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) que são concorrentes. Na verdade dividem o mercado, inclusive no transporte dos veículos da marca Fiat/Jeep, trabalhando para impedir o ingresso de novos agentes no mercado.