
Deu a lógica. Ou melhor, a lógica do mercado e da livre concorrência começa a prevalecer na indústria automobilística. A General Motors estuda ter frota própria de caminhões para abastecer plantas industriais e até a rede de concessionárias. O motivo é a falta de competitividade no setor de fretes rodoviários. A ideia de substituir serviços terceirizados foi revelada em entrevista do presidente da GM Mercosul, Carlos Zarlenga, à repórter Marli Olmos, do jornal Valor. A matéria saiu ma edição de 6 de agosto.
O executivo da montadora norte-americana disse que o Brasil está se tornando menos competitivo e o tabelamento dos fretes rodoviários tem sido um dos principais fatores de aumento de custos. Ele argumentou:
“Nosso negócio é produzir carros, mas a tabela do frete tem prejudicado a competitividade. Por isso vamos avaliar, na ponta do lápis, se não vale mais a pena cuidar do nosso próprio transporte.”
Ele destacou:
“Se não podemos contar com a livre concorrência em um setor tão importante temos que olhar alternativas.”
O tabelamento de fretes rodoviários proposto pelo governo federal para pôr fim à greve dos caminhoneiros não é o único problema da GM. Existe ainda o tabelamento de preços praticados por empresas e sindicatos que dominam com mãos de ferro o mercado de transporte de veículos novos. O ágio pago pela GM ao chamado cartel dos cegonheiros chegou a 384,7 milhões nos últimos 18 meses. O valor é integralmente repassado aos consumidores. Por participar desse esquema, a montadora e o então diretor para assuntos institucionais Luiz Moan foram condenados por formação de cartel.