Governo, Cade, MPF e Gaeco ignoraram locaute na Volkswagen. Montadora segue aliada ao cartel que denunciou em 2017

O loucaute que parou a Volkswagen do Brasil por 15 dias em dezembro do ano passado foi completamente ignorado pelo Palácio do Planalto e pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), além dos Ministérios Públicos Estadual e Federal. O locaute, também conhecido por greve de patrões, é proibido pela legislação brasileira.

Diferente da greve dos caminhoneiros, resguardadas as devidas proporções, nenhum órgão público adotou qualquer medida para investigar os efeitos danosos aos consumidores promovidos pelas ações ilegais dos empresários-cegonheiros, apoiados por grandes transportadoras de veículos. A própria montadora denunciou a operação dos donos de transportadoras e revelou as entranhas do cartel. Nenhuma responsabilização a Pablo Di Si, presidente da Volkswagen do Brasil.

Na “ação de manutenção de posse com pedido de liminar”, ajuizada pela Volkswagen do Brasil na Justiça de São Bernardo do Campo-SP, a montadora deixou claro que as empresas Transauto Transportes Especializados de Automóveis; Tegma, Gestão Logística; Brazul Transporte de Veículos; Transzero Transportadoras de Veículos e Dacunha (três empresas de propriedade do grupo Sada), junto com cegonheiros-empresários filiados ao Sindicato dos Cegonheiros de São Paulo (Sinaceg, ex-Sindicam), participaram do cerco à fábrica. A demanda protocolada na Justiça não deixa dúvidas sobre a ilegalidade do movimento:

“Todos em conjunto com as empresas rés, bloquearam ilegalmente as vias de acesso à fábrica.”

Mais adiante, na mesma petição, que teve o pedido de liminar deferido pela Justiça paulistana, os representantes da montadora afirmaram:

“É evidente a atuação das empresas Transauto, Tegma, Brazul, Transzero e Dacunha na paralização, com o fito, mais uma vez, de pressionar a Volkswagen do Brasil a não realizar processo seletivo para contratar novos prestadores de serviços com melhores condições técnicas e financeiras.”

Também garantiram que, por meio de “monitoramento, foi identificado que entre os diversos veículos bloqueando o acesso à fábrica havia vários de propriedade de dois integrantes da diretoria do Sinaceg”, mesmo a entidade tendo sido condenada por formação de cartel e estar proibida pela Justiça Federal de participar de qualquer movimento de paralisação.

Pacto com o cartel
Apesar de ter afirmado ao portal G1 que é preciso respeitar e seguir as leis do país, o presidente da Volkswagen, Pablo Di Si, mostrou ter firmado um pacto com o cartel, transferindo os altos custos do transporte de veículos novos sem os benefícios da livre concorrência para o bolso dos consumidores que compram automóveis da marca.

No mesmo dia em que a Justiça determinou o imediato desbloqueio dos acessos à fábrica, a montadora anunciou acordo com os integrantes do cartel que denunciou 48 horas antes. Desistiu da ação judicial proposta contra as transportadoras que promoveram o locaute e os cegonheiros-empresários, e manteve os contratos que ameaçou rever judicialmente.

Di Si esqueceu que garantira à Justiça que existe um gigantesco cartel que impede todas as montadoras do país a exercerem a livre concorrência. Essa organização criminosa já foi condenada pela Justiça Federal e, inclusive,  cobra preços bem mais altos pela execução dos serviços de transporte de veículos novos. Di Si também deixou de lado a intenção da Volkswagen do Brasil de buscar, entre outros fornecedores, melhores condições técnicas e financeiras para o escoamento da produção da montadora, porque quem paga a alta conta da opção da montadora pelo cartel dos cegonheiros é o consumidor.

Governo, Cade, MPF e MPE, silenciaram.

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