
Matéria modificada em 9 de fevereiro de 2022
Retratação: Vittorio Medioli não foi indiciado no inquérito policial 277/2010
O inquérito 277/2010 da Polícia Federal acusou o cegonheiro-empresário Tiago Gomes Jardim (foto abaixo), mais conhecido como Tiago Serrano, de participar de diversos ilícitos penais ocorridos no setor de transporte de veículos novos. Na mesma peça acusatória, a autoridade policial apontou Vittorio Medioli como “suspeito de chefiar a quadrilha investigada”.
Serrano (de camisa branca na foto) tem participação ativa nas manifestações feitas por integrantes do Sindicato Nacional dos Cegonheiros (Sinaceg), em frente da fábrica da Caoa-Chery, no município de Jacareí (SP), desde a última segunda-feira (8). A tipificação dada pela PF se refere à participação de Serrano e mais quatro indiciados em incêndios criminosos de caminhões-cegonha ocorridos entre setembro de 2009 e setembro de 2010, em quatro estados da federação.
O inquérito conta ainda com o depoimento rico em detalhes, dado por um cegonheiro-empresário que delatou todo o esquema a um juiz. É a chamada antecipação de prova. À Polícia Federal, esse cegonheiro-empresário chegou a montar e entregar o protótipo de um coquetel molotov (foto abaixo), uma bomba montada por cegonheiros para promover incêndios devastadores em caminhões-cegonha de empresas concorrentes do cartel. A peça está tramitando no Tribunal de Justiça de Minas Gerais, por conta da prerrogativa de foro atribuída a Vittorio Medioli, eleito prefeito municipal em 2016.

Modelo de coquetel molotov entregue à Polícia Federal.
Gaeco recebe denúncia de locaute
Na terça-feira, o presidente do Sindicato dos Cegonheiros de Goiás (Sintrave-GO), Afonso Rodrigues de Carvalho, agregado à Transportes Gabardo (nova transportadora contratada pela Caoa-Chery), encaminhou denúncia formal ao promotor Alexandre Castilhos. Ao Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), núcleo Vale do Paraíba, o líder sindical pediu investigação sobre a prática de locaute promovido pelo Sinaceg e pelas empresas Brazul (de propriedade do grupo Sada) e Tegma.
No documento, Magayver, como é conhecido, relatou que a prática utilizada na Caoa-Chery de Jacareí pelos cegonheiros-empresários do cartel “foi a mesma empregada durante a greve da Volkswagen, em dezembro do ano passado”. Ele não poupou críticas ao político e empresário Vittorio Medioli (dono da Brazul):
“Ele é sim, como afirma a Polícia Federal, o chefe dessa verdadeira máfia que atua de maneira violenta e impede o exercício da livre concorrência a qualquer custo.”
Aproveitou para avisar que na próxima quarta-feira dará depoimento como testemunha do Estado, em outra ação penal movida contra Vittorio Medioli, ajuizada pelo Ministério Público do Estado de São Paulo.
Depredação e ameaças
Durante o transporte dos primeiros veículos produzidos pela Caoa-Chery, vários automóveis novos foram alvejados por instrumentos conhecidos como “miguelitos”, disparados por cegonheiros-empresários que participam da movimentação ilegal em frente da sede da montadora. No mesmo dia, integrantes que se dizem da CUT (Central Única dos Trabalhadores), prometeram partir para o confronto, numa demonstração de desrespeito à determinação judicial.

Manifestantes subordinados ao cartel dos cegonheiros atiraram miguelitos nos veículos novos transportados por empresa que não pertence ao esquema que controla o setor.
“O modus operandi é o mesmo empregado na greve da Volkswagen”, afirmou Magayver. Ele acrescentou que no final do ano passado, o Sinaceg, que está proibido pela Justiça Federal de promover manifestações dessa ordem, agiu das mesma maneira:
“O Sinaceg utilizou sindicatos pelegos, como a CUT, para incitar outros trabalhadores a se unir ao movimento ilegal.”
O líder sindical também destacou que já foi registrado boletim de ocorrência com ameaças veladas com afirmações do tipo: “vamos nos encontrar nas estradas”.
O presidente do Sintrave-GO ressaltou: