Documentos comprovam ação de Vittorio Medioli e do grupo Sada para perpetuar domínio do cartel dos cegonheiros

Investigações e documentos apreendidos mostram o empresário e político de Minas Gerais como suspeito de liderar a organização criminosa que controla o transporte de veículos novos no país.

De São Paulo

É correto afirmar que Vittorio Medioli não foi indiciado nem denunciado no inquérito (277) da Polícia Federal que investigou os incêndios criminosos de caminhões-cegonha ocorridos em 2010, além de formação de cartel e associação criminosa. O empresário e político de Minas Gerais tampouco foi indiciado no inquérito que culminou na Operação Pacto, deflagrada em outubro de 2019. Apesar de não constar entre os supostos criminosos levados à Justiça, as ações de Medioli como suspeito de chefiar a organização criminosa que controla o bilionário setor de transporte de veículos novos no país ganham força e ficam evidentes nas duas apurações.

Na primeira investigação, apesar de não ter sido indiciado, Medioli foi apontado como o “todo poderoso comandante de verdadeira organização criminosa” pelo delegado da Polícia Federal que presidiu o inquérito: Aldronei Antonio Pacheco Rodrigues. Ainda hoje o Ministério Público do Rio Grande do Sul não afasta a possibilidade de denunciá-lo pelos crimes de formação de cartel, também investigado nesse procedimento (leia mais aqui).

No âmbito da Operação Pacto, Polícia Federal, Cade e o núcleo do Gaeco de São Bernardo do Campo (SP) reuniram uma quantidade considerável de provas que confirmam a empreitada anticoncorrencial e criminosa de pelo menos cinco empresas, das quais três pertencem ao grupo Sada, cujo dono é o Medioli. Vários documentos apreendidos revelam a participação dele, determinando medidas que levam à dominação do mercado de fretes de veículos zero-quilômetro e na eliminação da concorrência.

A reportagem do site Livre Concorrência reuniu abaixo alguns documentos que, em tese, colocam o atual prefeito de Betim em meio ao sistema nervoso central da organização criminosa chamada cartel dos cegonheiros, segundo conclusões da Polícia Federal e dos Ministérios Públicos de São Paulo e do Rio Grande do Sul.

Desbancando a concorrência
Um e-mail apreendido na manhã de 17 de outubro de 2019, na sede de uma transportadora controlada pela Sada, revela a disposição do grupo de acabar com a concorrência. Na correspondência (imagem de abertura) assinada pelo próprio, Vittorio Medioli manda seus subordinados conceder descontos de até 60% nos fretes de retorno. O objetivo é, segundo ele, “desbancar gatas e outros”. A ordem de Medioli visa às micro e pequenas empresas que faturam com cargas que não pertencem a montadoras.

Financiamento de greve
Na sede da Brazul (grupo Sada), documentos apreendidos mostram que empresas acusadas de formação de cartel financiaram movimento para sufocar uma mobilização de cegonheiros ocorrida na Bahia em 2014. Na ocasião, pequenos empresários ligados ao sindicato regional daquele estado lutavam para conquistar uma pequena parcela do escoamento da produção da Ford de Camaçari, mas foram impedidos por integrantes do cartel dos cegonheiros que investiram nada menos do que R$ 2.920.274,92 no movimento que teve como principal objetivo manter o mercado fechado para novos operadores.

No “Resumo das Despesas”, classificado no documento como “Greve na Bahia”, aparecem outros números lançados:

– Custo Sindicam (Sinaceg), R$ 1.105.243,32.
– Conta Sindicam (Sinaceg) pátio carreteiro, R$ 1.000.000,00.
– Soma das despesas, R$ 2.920.274,92.
– Pagamento por conta do Sindicam (Sinaceg), R$ 1.425.600,00.
– Saldo a pagar pelas empresas, R$ 1.494.674,92.

O material ressalta que “a Brazul pagou R$ 815.031,60”. Cada empresa ficou encarregada de reembolsar a Brazul e o Sindicam (Sinaceg).

Eliminação da concorrência por baixo dos panos
Outro documento apreendido na sede da Brazul mostra a ação de executivos da transportadora do grupo Sada oferecendo à Caoa fretes sem reajuste durante um período de dois anos, somados a descontos de 10% sobre o valor pago à Transportes Gabardo, empresa responsável pelo escoamento da produção da fábrica de Goiás. Tudo isso sem que a montadora responsável pela fabricação dos veículos da Hyundai no Brasil abrisse concorrência.

Desconto de R$ 44 milhões para GM congelar cabotagem
Por último, novamente executivos de transportadora ligada ao grupo Sada agiram para inviabilizar a implementação de projeto de cabotagem na GM. E-mail apreendido com data de 21 de julho de 2014 trata de desconto de 4% no valor do frete rodoviário – o equivalente a R$ 22 milhões por ano – para a GM “congelar” o transporte de veículos por navios por dois anos. Até hoje projeto não foi retomado.

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Um comentário sobre "Documentos comprovam ação de Vittorio Medioli e do grupo Sada para perpetuar domínio do cartel dos cegonheiros"

  1. LUIZ CARLOS BEZERRA disse:

    POIS É AMIGOS.
    CONTINUO SEGUINDO MEUS CONCEITOS ANTERIORES, JÁ CITADOS POR VÁRIAS VEZES: “BASTARIA A JUSTIÇA CANCELAR TODOS OS ALVARÁS DE FUNCIONAMENTOS DESSAS TRANSPORTADORAS, LIGADAS AO CARTEL, QUE ASSIM, ESSE CARTEL DEIXARIA DE EXISTIR E, TODOS OS SEUS LÍDERES, NÃO PUDESSEM MAIS OPERAR NESSE MERCADO”!
    ASSIM, AS PORTAS DAS MONTADORAS TERIAM QUE SER ABERTAS PARA ASSIM ATENDEREM A LEI CONSTITUCIONAL, DENOMINADA DE “LIVRE CONCORRÊNCIA”!
    PONTO FINAL PRA ESSA FACÇÃO CRIMINOSA!
    O INTERESSANTE É SABERMOS QUE NA MÍDIA JORNALÍSTICA DE NOSSA NAÇÃO, NADA DISSO É DIVULGADO. POR QUÊ SERÁ?
    POR ESSE MOTIVO QUE ESSE PORTAL MERECE TODO NOSSO ELOGIO MESMO!
    PARABÉNS SR. EDITOR CHEFE!

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