
O presidente do Sindicato dos Cegonheiros de Goiás, Afonso Rodrigues de Carvalho, sofreu intimidação por parte de um advogado, cujo cliente já fora condenado pela Justiça Federal em 1ª instância, por formação de cartel no setor de transporte de veículos novos. Aos 45 minutos da audiência, o juiz Adriano de Carvalho interrompeu Filip Antonioli, representante do réu Aliberto Alves. A imagem de abertura mostra Afonso em primeiro plano. Antonioli aparece, com a mão no queixo, atrás do sindicalista.
“Não vou permitir intervenções dessa natureza. Não aceito que façam acusações à testemunha que não possui defesa. Não é possível continuar nesse caminho, perfilando aspecto extremamente intimista. Se os senhores têm fatos a serem apresentados contra a pessoa dele, o façam nos locais adequados. Não é aqui. Não é aqui. Por favor, senhores. Não sou o juiz competente. Estou aqui para cumprir o deprecado e coletar o depoimento da testemunha. Vamos retomar a ordem.”
O magistrado chegou a exclamar “pelo amor de Deus”, ao repreender advogado:
“Não permiti que o senhor se aproximasse, o que sequer foi pedido. O senhor cobrou tratamento protocolar, agora faça da mesma maneira. A continuar assim, vamos ter de remarcar ou redesignar para estabelecer uma ordem. Não há sentido que as coisas sigam nesse caminho. Isso não resolve nada e não trará clareza para os autos a fim de permitir que o juiz competente julgue o caso baseado em provas consistentes de materialidade e autoria. Vamos retomar os trabalhos com tratamento cortês e respeitoso, voltando ao profissionalismo e deixando de lado questões pessoais e nossas emoções. Por gentileza retome o seu lugar.”
Advogado não tem dinheiro pra comprar caminhões
Outro momento tenso ocorreu quando o advogado Fábio Antônio quis saber quantos caminhões a testemunha possuía. O líder sindical respondeu:
“Tenho dez caminhões, só cavalo. Todos financiados. Não tenho carreta, só o cavalo.”
Ao que o advogado voltou a indagar:
“Diante desse cartel que o senhor afirma existir, como é possível um simples caminhoneiro ter dez caminhões?”
Afonso Carvalho respondeu:
“É possível sim, desde que tenha crédito e trabalhe sério há 22 anos numa empresa que paga fretes rigorosamente em dia.”
O advogado ainda retrucou:
“Eu trabalho há 26 anos como advogado e não tenho condições de comprar dois caminhões.”
NOTA DA REDAÇÃO
A redação do site Livre Concorrência solicitou ao juiz titular da 2ª Vara Criminal da comarca de Anápolis (GO), Adriano de Carvalho, autorização para um jornalista acompanhar o depoimento da testemunha do MP, Afonso Rodrigues de Carvalho. O pedido foi encaminhado à Assessoria de Comunicação Social do Tribunal de Justiça do Estado de Goiás. A resposta foi enviada pela escrivã Lucélia Moreira: “Reportando-me ao Juízo desta 2ª Vara Criminal sobre o teor do pleito para acompanhamento da audiência designada para o dia 17/10, às 16:50 horas, me foi esclarecido a desnecessidade de autorização para assisti-la, posto se tratar de ato público, com a ressalva apenas de não se efetuar gravações dentro da sala de audiências. À disposição para qualquer esclarecimento.”