
A decisão dos manifestantes ligados ao cartel dos cegonheiros de manter bloqueada a fábrica da Chery, em Jacareí (SP), levou o juiz Maurício Neiva a fixar multa de R$ 50 mil para cada veículo usado na obstrução dos acessos à montadora que não for imediatamente retirado do local. O novo mandado foi expedido em 17 de outubro. O titular da 2ª Vara Cível do Foro de Jacareí designou um oficial de justiça para identificar e qualificar os caminhões-cegonha e os responsáveis pela manutenção do bloqueio. A ordem começou a ser cumprida na tarde de sexta-feira (foto de abertura).
Além da identificação dos manifestantes que insistem em descumprir decisão anterior da Justiça, o magistrado determinou a citação e intimação dos réus:
“O Oficial de Justiça, com auxílio dos policiais, deverá identificar e qualificar no local os veículos e os responsáveis por cada qual, intimando-os também da ordem e da pena de multa ora fixada. Requisite-se reforço policial. Cite-se e intime-se pessoalmente os réus com urgência.”
Dessa vez a multa se estende às empresas do cartel. Brazul Transporte de Veículos, cujo dono é Vittorio Medioli, e Tegma Gestão Logística, que tem Gennaro Oddone como um dos principais executivos. O bloqueio à fábrica da Chery iniciou-se na madrugada do dia 8. A montadora amanheceu cercada por empresários e sindicalistas subordinados ao cartel. A Justiça determinou a desobstrução dos acessos à fábrica no dia 10. Alguns caminhões até foram liberados, mas os manifestantes atiraram miguelitos nos veículos transportados.
O bloqueio deflagrado pelo cartel dos cegonheiros, que controla mais de 95% dos fretes de veículos novos no país, é uma represália à decisão da Chery de abrir concorrência para selecionar prestadores de serviço para escoar a produção da marca até a rede de concessionárias. Com o processo, as transportadoras Brazul e Tegma perderam o cliente.
Com a melhor proposta (valor dos fretes inferior ao praticado pelo cartel e condições técnicas superiores) a Transporte Gabardo venceu a concorrência.