
O Ministério Público Federal (MPF) de São Bernardo do Campo notificou o Sindicato dos Cegonheiros de São Paulo (Sinaceg, ex Sindicam) e a Volkswagen do Brasil para que apresentem informações sobre a interrupção do transporte de veículos produzidos pela montadora, iniciada no último dia 29. O MPF revelou que encaminhou o pedido após tomar conhecimento de boatos que antecederam a mobilização.
Segundo informações obtidas com exclusividade pelo site Livre Concorrência, o Sinaceg informou que não participou da organização do bloqueio. Também não disse ao procurador Steven Zwicker que os carreteiros decidiram pela paralisação do transporte em represália à possível contratação de novos transportadores por parte da Volks que mantém o cronograma do BID (cotação de preços). O anúncio da interrupção dos serviços ocorreu em reunião realizada na sede da entidade.
A montadora, que ainda não se manifestou, também encontrará dificuldades para explicar ao MPF por qual motivo o Sindicato dos Rodoviários (de motoristas e cobradores de ônibus) assumiu externamente o comando do movimento, sem que a Volks adote qualquer medida na esfera judicial. A foto de abertura mostra o carro de som da entidade desvinculada dos cegonheiros em um dos acessos ao pátio da montadora.
A paralisação completou seis dias nesta terça-feira. Nenhum caminhão-cegonha sai carregado. A Volks, a exemplo de anos anteriores, mantém o silencio. Em Contato com o site Livre Concorrência, a assessoria de imprensa reafirmou que não se manifestará.
MPF atuou no caso Kia/Transilva
Em agosto do ano passado, o Ministério Público Federal acionou o Sinaceg (ex-Sindicam) e o Sindicato dos Cegonheiros do Espírito Santo a respeito das ações agressivas contra a Kia Motors e a Transilva Transportes e Logística. O motivo das agressões, conforme o órgão, seria contra a contratação da transportadora pela Kia Motors. Cegonheiros-empresários queriam que as empresas entrassem no esquema do cartel. O caso foi parar no lento Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), onde o procedimento há oito meses sofre prorrogação.
O MPF de São Bernardo do Campo recomendou a dois sindicatos patronais e três empresas de transporte de veículos (Brazul, Tegma e Transcar) que “parassem de realizar ameaças e ações violentas contra a Kia Motors do Brasil e a Transilva”.
Protestos para manter cartel
Protestos de cegonheiros se iniciaram desde que a importadora assinou com a Transilva contrato para o frete dos automóveis do pátio, em Cariacica (ES), até as concessionárias. Executivos das três empresas tentaram forçar mudanças no acordo para que as Transilva e a Kia Motors dividissem o serviço com transportadoras acusadas de formação de cartel.
Apesar da recomendação, pelo menos três caminhões da Transilva foram incendiados criminosamente. A sede da Kia Motors, em Itu, interior paulista, foi alvo de lançamento de bombas incendiárias. Ninguém foi responsabilizado.