
A ligação entre GM e o cartel que controla o transporte de veículos zero-quilômetro no País permanece sólida mesmo 11 anos depois de um executivo da montadora ter sido condenado por crime contra economia popular, em 2006. Além de Luiz Moan (foto acima), então diretor para assuntos institucionais da GM, foram incriminados em ação penal por formação de cartel Aliberto Alves, ex-presidente do Sindicato de Cegonheiros de São Paulo (Sindicam) e Paulo Roberto Guedes, ex-presidente da Associação Nacional das Empresas Transportadoras de Veículos (ANTV). A justiça também determinou a extinção da ANTV em outra ação.
“O réu Luiz Moan portou-se com relevante culpabilidade, porquanto, com inteira compreensão e entendimento de seus atos, aderiu ao acordo de empresas para, em abuso ao poder econômico, exercer domínio sobre o mercado de transporte de veículos novos, eliminando a concorrência.”
Sentença da juíza federal Eloy Bernst Justo
Cartel absorveu Sintravers
Mais de uma década depois da condenação, a estrutura do cartel no Rio Grande do Sul parece não ter sofrido abalo. Pelo contrário, acabou se fortalecendo. O Sindicato dos Cegonheiros do Rio Grande do Sul (Sintravers), primeira entidade a denunciar a cartelização e a venda de vagas no setor, foi absorvido pelo Sindicam. Atualmente o Sintravers conta com mais de 3 mil associados. O número foi revelado pelo próprio presidente Jefferson Casagrande que nega obediência à entidade paulista. Desse total, menos de 100 são gaúchos.
Hoje, mesmo dissolvida, a ANTV continua atuante e determinando os rumos do segmento, afirma o Ministério Público Federal (MPF). A ação coordenada entre GM, ANTV e Sindicam (agora Sinaceg) impediu os gaúchos de participar do escoamento dos automóveis fabricados em Gravataí.
Pernambuco repete erros do Rio Grande do Sul
O mesmo processo ocorre na fábrica de Fiat/Jeep em Pernambuco, onde a Sada, de Minas Gerais, em conluio com a Tegma, monopolizou o escoamento da produção da montadora instalada em solo nordestino. Os cegonheiros daquele Estado estão mobilizados desde 31 de julho. Eles exigem que a montadora contrate profissionais da região.