Polícia Federal intercepta comunicação de 13 pessoas na Operação Ciconia

Em novo inquérito para investigar o cartel dos cegonheiros, policiais federais de São Paulo foram autorizados pela Justiça a interceptar comunicação telefônica e telemática de 13 pessoas supostamente envolvidas no esquema ilícito que causa prejuízos à livre concorrência e de R$ 4 bilhões por ano aos consumidores.

De São Paulo

A segunda investida da força tarefa  – Polícia Federal, Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) e Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) – sobre o cartel dos cegonheiros, denominada Operação Ciconia, abalou a estrutura do esquema ilícito que causa prejuízos à livre concorrência e danos superiores a R$ 4 bilhões por ano aos compradores de veículos zero-quilômetro em todo o país. Uma terceira fase não é descartada. O novo inquérito, derivado da Operação Pacto (19.10.2019), interceptou a comunicação telefônica e telemática de 13 pessoas supostamente envolvidas, mas a Polícia Federal de São Paulo acabou optando por buscas e apreensões em seis alvos: cinco pessoas físicas e a sede do Sindicato Nacional dos Cegonheiros (Sinaceg). O conteúdo interceptado de oito pessoas foi considerado irrelevante para a investigação “em um primeiro momento”, segundo afirmou uma fonte à reportagem.

Ao analisar os mais de seis milhões de arquivos produzidos durante as diligências criminais da Operação Pacto, policiais federais já haviam detectado que o cartel dos cegonheiros havia chegado a pelo menos sete montadoras. Este número aumentou com o início das novas investigações. Nas escutas, foram identificadas procedimentos semelhantes em outras três, nas quais há citações sobre uma grande operadora de logística, o que aumenta a suspeita de conivência com o esquema ilícito. Há transcrições de conteúdo referente a alinhamento de preços nas montadoras Renault e Nissan, onde “há pressão” de dirigentes do Sinaceg para que a Tegma adote os mesmos R$ 27 mil de frete cobrados para determinado trecho pela Transmoreno, adquirida pelo grupo Júlio Simões em agosto de 2020 por R$ 310 milhões. A Tegma pratica R$ 2 mil a menos para o mesmo percurso. Esse comportamento, segundo a PF, mostra um “relacionamento visceral” entre transportadoras concorrentes.

Alvos dos mandados de buscas e apreensões

Daniela Maria Medioli Vice-presidente grupo Sada
Geneci Pereira dos SantosGerente da Brazul (grupo Sada)
Edson Luiz PereiraDiretor comercial do grupo Sada
José Ronaldo Marques da SilvaPresidente do Sinaceg
Claudio Henrique Gonçalves de CastroGerente-executivo de operações e relacionamento da área de logística de veículos da Tegma
Sede do Sinaceg

De acordo com as revelações feitas por policiais federais à Justiça, pelo conteúdo coletado antes das diligências criminais de buscas e apreensões, “fica a impressão de que todas as decisões do cartel passam por Boizinho (presidente do Sinaceg) que, amiúde, é quem coordena os passos do grupo monopolizante, impondo-se sobre os demais membros”.

A autoridade policial esclarece, ao justificar a necessidade das operações, que “além das fundadas conjecturas, a ruptura dos sigilos telefônicos, telemáticos e de dados autorizada por este juízo “indicam a persistência da dominância de mercado por parte das transportadoras de veículos novos”.

A autoridade policial aponta, referindo-se ao presidente do Sinaceg:

“Foi possível destacar pontos específicos que retratam a perpetuação do cartel. Boizinho é o principal articulador do cartel.”

Ele foi adiante, citando trecho de uma interceptação telefônica:

“Da conversa entre os interlocutores, cujo conteúdo expõe o veemente propósito de – não deixar os caras entrar no nosso negócio… –, ou seja, vedar o ingresso de novos concorrentes no mercado de transporte de automóveis novos, numa clara demonstração de combinação de preços.”

A Polícia Federal avançou:

“Há, ainda, a caracterização de vínculos mais profundos do que uma simples relação concorrencial saudável, entremeada por interferências de um sindicato ávido por interesses acima da mera proteção de seus associados.”

E concluiu, na justificativa à Justiça, quanto ao presidente do Sinaceg:

“Nos deparamos, assim, com fortes indícios da persistência de um panorama condizente com o cenário de preservação do cartel de cegonheiros, o que demonstra um mínimo de fumus boni iuris, sendo imprescindível a busca e apreensão de elementos que tragam lastro probatório para os fatos aqui tratados.”

Desde a deflagração da Operação Ciconia, a reportagem tentou contato com a defesa dos alvos, mas nenhum defensor quis manifestar-se até o momento.

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Um comentário sobre "Polícia Federal intercepta comunicação de 13 pessoas na Operação Ciconia"

  1. LUIZ CARLOS BEZERRA disse:

    AMIGOS, CONTRA OS FATOS NÃO HÁ RESISTÊNCIA: “DURA LEX SED LEX!”
    BASTA OS INVESTIGADORES ACIONAREM A JUSTIÇA MAIOR, POIS QUEM COMANDA UMA FACÇÃO CRIMINOSA, COMO ESSA, DENOMINADA “CARTEL DOS CEGONHEIROS”, QUE JÁ CAUSOU MUITOS PREJUÍZOS A NOSSA NAÇÃO POR LONGAS DATAS, DEVERIA SER EXTINTA DE NOSSA NAÇÃO HÁ MUITO TEMPO!
    COMO JÁ SOLICITEI POR VÁRIAS VEZES, BASTARIA CANCELAR TODOS OS RESPECTIVOS “ALVARÁS DE FUNCIONAMENTO”, DAS TRANSPORTADORAS DE VEÍCULOS QUE ATUAM NO BRASIL, SOB O COMANDO DESSE CARTEL, QUE ENTÃO ELE DEIXARIA DE ATUAR.
    OS CONSUMIDORES FINAIS QUE ADQUIRIRAM SEUS AUTOMÓVEIS 0 (ZERO) KM, COMO REALIZAÇÃO DE UM “SONHO”, SEMPRE FORAM LESADOS, DEVIDO AOS ÁGIOS COBRADOS PELO SISTEMA CRIMINOSO: “O CARTEL DOS CEGONHEIROS”!
    SALVEM O NOSSO BRASIL, QUE VEM ATRAVESSANDO POR LONGAS DATAS, TAMANHOS PREJUÍZOS FINANCEIROS!
    A GRANDE MÍDIA NUNCA SE MANIFESTOU CONTRA ESSAS IDEOLOGIAS CRIMINOSAS. NÃO CONSIGO ENTENDER O “POR QUÊ”, NÃO É MESMO?
    SÓ ESSE BRILHANTE PORTAL DA “LIVRE CONCORRÊNCIA”, QUE SE PRONUNCIA, E JÁ FOI ATACADO POR VÁRIAS VEZES, PELOS LÍDERES DESSE CARTEL, MAS NUNCA CONSEGUIRAM VENCER EM SUAS PETIÇÕES MALIGNAS!
    POR ESSE FATO, QUE EU PARABENIZO MUITO O EDITOR CHEFE DESSE PORTAL JORNALÍSTICO: O SR. IVENS CARÚS, QUE É O ÚNICO CANAL DE DIVULGA ESSES ESCÂNDALOS.

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