
Dez montadoras instaladas no Brasil querem esconder da opinião pública dados referentes ao escoamento da produção de veículos. As marcas atenderam à intimação do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), que investiga, em inquérito administrativo, prática de infrações à ordem econômica – formação de cartel no setor de transporte de veículos novos. As respostas desse grupo foram dadas em caráter de acesso restrito.
A conivência da maioria absoluta da indústria automobilística com o chamado cartel dos cegonheiros causou prejuízo de R$ 1,5 bilhão aos consumidores em 2017. As fábricas são as responsáveis pela contratação das transportadoras acusadas pelo Ministério Público Federal e Polícia Federal de formarem uma “associação criminosa que tem por desiderato impedir, a qualquer custo, o ingresso de novos agentes econômicos no mercado, impedindo o exercício da livre concorrência”.
Raio X da associação criminosa
Com a resposta de 15 das 16 montadoras de veículos do país (a Toyota ainda não respondeu), a autoridade antitruste tem nas mãos o raio X completo do modus operandi da associação criminosa que controla o setor. O esquema inibe o exercício da livre concorrência com a participação direta das montadoras, o que causa prejuízos bilionários aos consumidores e é escondido pelas fábricas.
Nos últimos anos, segundo investigação do MPF, os compradores de veículos novos foram lesados em mais de R$ 7 bilhões. “É plausível auferir que no mínimo, 19,2 milhões de vezes os consumidores foram atingidos pela ação infratora”, afirma a manifestação ministerial. Desse período até 2017, segundo dados coletados pelo site Livre Concorrência, o prejuízo foi superior a R$ 12 bilhões.